terça-feira, 5 de julho de 2011

Um pouco sobre culturas


Quanto mais pessoas eu conheço, mais mundos são descobertos.

Libanesa que não tem contato com família há semanas por estar com problemas no governo do país.

Em uma apresentação em que temos que ensinar algo para a sala, ela fez um prato típico de seu país, o cuscuz. Muito diferente do que eu conheço no Brasil. É um prato com um grão que aqui eles chamam de milho branco (quase lembra um arroz menorzinho), carne, batata, cenoura e um pimentão para dar sabor. É um pouco apimentado, tem chile. Ela disse que tínhamos que comer o prato todo se não isso ia trazer má sorte/pobreza para ela. Ainda bem que estava gostoso, apesar da pimenta.

Minha amiga Manar da Arábia Saudita, 18 anos, casada.

Todos os alunos da Arábia Saudita e em geral oriente médio que conheci estão estudando aqui com bolsa do governo deles.

Meshari, também da Arábia, tem 17 irmãos e 11 irmãs. O pai dele teve cinco esposas, mas no momento só tem duas. Ele disse que só uma esposa está bom e ter só uns quatro ou cinco filhos.

Eu disse que o pai dele precisava ser rico pra ter tantos filhos assim, mas ele disse que não, que se você tem 20 filhos, o mais velho vai ter 20 anos e começa a trabalhar e ajudar a família.

Agora ando mais ou menos numa rotina: acorda, faculdade, biblioteca e casa dormir.

Um dia desses fui num teatro com a Monica, mas era diferente, era tipo uma performance. O lugar era um porão bem grande e escuro de um prédio. Descemos as escadas e fomos direcionadas para a cozinha nos fundos. Lá estavam todas as pessoas que foram pra assistir a peça e estavam servindo vinho quente e um lanchinho doce, eu fiquei só na água mesmo. Quando a peça começou, abriram as portas da cozinha e íamos andando pelo porão, sendo direcionados pelos atores que bloqueavam passagens ou não, e o ato ia se movimentando pelos espaços com diferentes decorações no porão.

Era um musical, cantaram até Portshead. Foi bem interessante, mas como a Monica disse: o importante é que terminou com Spice Girls. Heheh


Eu e a Monica



Uma coisa que eu gosto bastante aqui é que as pessoas começam a conversar, mesmo sem se conhecer, trocam uma ideia e pronto. É bem agradável.

Em quanto estava escrevendo isso, sentada esperando meu trem na estação, falaram comigo. Sobre o próximo trem que estava chegando e da onde eu era que eu tinha um sotaque bonito.

Vira e mexe eu vejo as pessoas começarem a conversar nos trens e trams da vida.

Ontem, sábado 3 de julho, passei a noite fora pela primeira vez.

Saí de casa meio cedo, umas 19h talvez, me encontrei com uma colega que estuda no mesmo lugar que eu. Ela se chama Ezgi, é da Turquia.

Não sabia que turcos eram islâmicos também. Me sinto até meio burra, sem muitos conhecimentos gerais, mas ok, estou aprendendo.

Fomos para o apartamento do amigo dela que era onde ela estava. Tinha bastante gente lá e é muito legal ver como cada pessoa de cada país é e seus assuntos.

Este menino, Faisal, também da Arábia, ótimo dançarino, no estilo próprio de sua cultura.

Americanos e África do Sul, muita gíria e swagger (gingado). Dançam como a gente escuta falar, tipo se encoxando e etc.

Laur, da Estônia, espécime raro como disse quando falou que a população do país dele é 1.3mi., noivo, formado em arquitetura e come bastante, me lembrou meu irmão. Fotografa muito bem, gosta de algumas bandas que eu conheço, tipo Sigur Ros e outros e é ingeligente e fala bastante

Este outro, Hunar, só fiz perguntas difíceis, por exemplo: “de qual país você é” e “qual a população do seu país”. Situação complicada, ainda mais com minha colega turca do lado. Ele é do Curdistão.



Sábado foi bem agitado. Eu fui no zoológico de dia, vi muitos bichos que nunca tinha visto, por exemplo uns felinos que tinha salvado os nomes no celular, mas perdi, e o fofíssimo ornitorrinco.



De noite fui com este pessoal para um clube que tocava hip-hop.

Olha a pronuncia! A Monica sempre me zoa quando eu pronuncio o “i”. É hip-hop, não /hipi-hopi/.

Outra pronuncia que eu também estou tentando prestar mais atenção pra corrigir é no “a”. Past não se fala /pest/, e sim /past/.

O fundo da língua tá sempre no céu da boca.




Depois saí deste clube e fui para um outro, chamado Roxanne se não me engano, me encontrar com os australiano que eu tinha conhecido. Tocava eletrônico com alternativo e rock.

O comportamento dos australianos na balada é bem diferente do Brasil. Por exemplo, pelo fato dos caras não darem em cima das meninas, irem conversar e etc. Ficam só dançando, muito, e cada um com seu grupinho ou de quem estiver acompanhado.

As noites aqui terminam cedo pelo que eu estou acostumada, por volta de três e 5 da manhã, mas para a alegria de toda Melbourne, existe este lugar chamado Revolver que de semana é um restaurante e de fim de semana fica 24h com pessoas indo e vindo, especialmente depois de saírem dos seus respectivos clubes. Lá funciona como uma balada também, mas tem muitos lugares para sentar e ficar de boa.

De noite os taxis imperam nas ruas. Os australianos são meio doidos, eles saem e bebem muito. O único problema de violência aqui é com respeito a bêbados.



Fim de semana passado eu fui pra casa de campo da Monica. Acho engraçado ela chamar casa de campo porque andando cinco minutos você chega à praia, mas acho que ela chama assim por ser distante da cidade, duas horas.

Lá eu vi o céu mais lindo que eu já vi na vida, fiquei até chocada, quase não acreditava. Já ouviram falar em Milky Way? Pois é, estava lá e é mais real do que eu poderia um dia acreditar que veria.

Já estava super feliz onde eu moro aqui pensando “aah finalmente um céu com estrelas mesmo”. Mas o Milky Way...sem palavras. Muuuita estrela.

Essa praia venta bastante, o que é bom pra quem pratica Windsurfe.

A Monica morou por uns três anos nesta casa que foi construída pelos pais dela há 20 anos, mas ela foi embora porque não tinha muito que fazer por lá e nem trabalho.




Eu tenho procurado um lugar pra morar e isso não é lá tarefa muito fácil. Ficar vendo anúncios, achar um preço e um lugar bom, que pareça um lar, numa boa localização e que esteja morando pessoas com as quais você consiga conviver.

A Monica também vai mudar-se em breve provavelmente. A casa que ela mora há seis anos está agora à venda. Ela, como uma australiana tradicional, não tem dinheiro nenhum guardado, isso quer dizer que ela não tem os cerca de 800mil dólares australianos pra comprar a casa que se for pra leilão deve passar de 1mi.. A casa é velha, precisa de bastante reforma, mas é numa ótima localização.

Um problema que eu costumo ouvir é sobre os landlords, os proprietários das casas, que não cuidam devidamente do lugar que está sendo alugado.

Uma coisa que eu acho legal aqui também é o tanto de graffiti que tem. A maioria das paredes perto dos trilhos do trem estão grafitadas.

E também a quantidade de pessoas tatuadas, principalmente homens. E como é inverno e o pessoal está sempre com casacos e etc, vejo as tatuagens nas mãos e pescoço. Muitas mãos tatuadas.

E dificilmente você vê unhas pintadas.

Também Gosto muito do pessoal busking, fazendo alguma coisa na rua por dinheiro.


PS: Acrescentei vídeos nos posts anteriores também.



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